quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O longe está perto demais

Acordei. Tinha-te ao meu lado. Com as mãos levantadas sobre a almofada e a cabeça sobre a mesma, estavas tu. O sonho, daquilo que tinha acontecido ali mesmo, tinha acabado. Estava na altura de me ir embora, acabara de cumprir ali a minha missão de amante. Não sei por quê, mas não fui. Ao invés disso, enrolei-me à tua cintura, subindo por cima de ti até ficar num encaixe perfeito. Deixei-me estar ali imenso tempo, e tu só dormias. Não parecias dar-te conta de que era eu que ali estava. Não parecias perceber que estava ali. Mas uma vez que sabias o que significavas (apenas mais uma noite de loucura) não me importei. Acordaste. Dei-te a mão. Agarrei-te nos dedos e fiz pressão. Não podias fugir de mim agora. Estar ali significava amar-te, e tencionava fazê-lo mais uns minutos. Com a boca, fui beijando-te o pescoço. Nunca a boca. Já sabia que era proibido (e apetecido!).
Virada de barriga para cima, vi-te a beleza que nunca tinha visto antes. Fui amando o teu corpo, comendo-te lentamente, como a uma sobremesa. Desci. Com leves carícias, puxei-te para mim. Fiz com que viesses encostar o teu corpo ao meu, sabes bem. Adorava sentir-te a respiração. Estavas quente e ofegante. Adorava em ti o teu tom de pele. Não me preocupei em fechar os olhos enquanto te beijava, nem tu. Olhava para ti sempre que fechavas os olhos de um prazer nulo. Ficavas linda.
Estava na hora. O tempo tinha passado e agora tinha que te deixar. Beijei-te a boca, levemente. Pedi desculpa mas voltei a fazer o mesmo. O sal que tinhas na boca! Ai, só sei eu o que senti ao fazê-lo. Disseram um dia "O fruto proibido é o mais apetecido", como me soava isso tão inteligente agora! Acariciei o teu corpo, como despedida. Vesti-me. Olhavas para mim e não emitias qualquer som. Peguei num papel e escrevi o meu número. Não tencionava que o usasses.
A tua cara estava indecifrável, um misto de euforia e indiferença. Voltei-me para a porta e andei. Ao abrir a porta, os teus braços abraçaram-me e disseste-me ao ouvido:
- Quero ver-te amanhã.
Sorri. Sai pela porta. Onde estaria eu? Não fazia ideia alguma. O sol já torrava. Que haveria acontecido ali? Não tinha a certeza, mas sabia que tinha sido fabuloso.
Com os óculos de sol postos, e os botões da camisa mal apertados, ri-me. Como eras ingénua! Nunca mais te voltaria a ver, pois poderia querer amar-te mais. O número que te dei era falso e a noite anterior foi apenas mais um dia de passado. Estava na hora de seguir em frente.
Agora deixo-te a despedida decadente, a minha despedida. Agora que já foste comida, está na altura de deitar a embalagem fora. A verdade é dura? É uma verdade incrível, não é? Claro que sim. O problema das pessoas é que querem mais do mesmo. Mas eu não. Apenas quero provar sabores diferentes, gostos diferentes, coisas diferentes. Não tenciono amar-te. Nunca. Porém, pensarei em ti para o resto da minha vida.
Vida? Ahah, graças à droga consumida, ainda pensei que tinha uma.

2 comentários:

Anónimo disse...

Adriana, achei o teu texto tão intenso e tão carnal, que me revi nele umas quantas de vezes. Parece que descrevias uma cena que vivi, em tempos.
Agora, pondo-me no papel de critica, acho que da maneira como escreves, podias ter desenvolvido mais esse teu sentimento de revolta perante a situação ou, explorar mais os teus sentidos em relação ao "sensual".

Eu venho cá visitar-te mais vezes para trocarmos lulas intlectuais :3

Anónimo disse...

Ai qui lindo, viu?!
Tá muto giro. Muuuuto giro.

(txi amo)