sábado, 24 de maio de 2008

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De tempos a tempos lembrasse-me a vontde de não querer viver. Esta saudade que me traz aqui, já não me trouxe porém noutras vidas? E a vontade de ter sede e ter fé! Quem, quem, tão grande e tão vazio se me pode colar às costas, mais um fardo este? Quantos de nós, pequenos ou pequeninos, somos querer ser? Esta vida, credo, que me deu alguém, não é nada senão estas linhas que correm num afluente lá longe. Esta vida, credo(!), é um bloco que caiu tristemente de um telhado qualquer. Enfim, senhores, quantas vezes dizemos coisas apenas por dizê-las? Quantas e quantas vezes falamos como eu agora nada do que queremos dizer? Sim, é da vida. A vida que nos constroi e corroi, aquela coisa que ninguém sabe de onde e para onde vem. Enfim, é da vida. Daquilo que nos traz e que um dia nos leva. Enfim.
Adriana Matos.

Fumo

Trago comigo esta ansia de não viver.
E assim vivo.

sábado, 10 de maio de 2008

Dia a dia

Todos os dias fazia o mesmo caminho. Não se considerando rotineira, apercebera-se de quão mentirosa era. Afinal, todos os dias eram-lhe iguais. Todas os dias eram feitos e coloridos da mesma cor. Todos os dias, sem excepção eram feitos do mesmo tecido. E ela, pedra de açucar, vivia na sua mentira. Não se importava minimamente. era assim e pronto.
A sua vida estava num turbilhão de confusões. A sua vida resumia-se aos seus pés, a unica coisa que via à muito tempo. Todos os dias chorava um bocadinho, talvez com esperança de acalmar a dor que lhe saia do peito. Nada naquele momento fazia sentido. Muito menos ela. Cada dia, era mais um tormento que se lhe colava às costas, mais um fardo, mais uma cruz. Aqueles dias já nada lhe diziam. Emfim, em fim e por fim. É assim.
Adriana Matos.

sábado, 3 de maio de 2008

O meu Mundo

Acordo de manhã, de manhãzinha
Lavo a cara, desgraçada
Sorriu enfadonhamente, engraçada
Trago sempre comigo, esta pena minha!

Folgo em olhar o mundo, em ver os animais
Como e durmo e danço
Calo e choro de manso
Como todos os outros, são-me iguais

E reservadamente, com ninguém
Choro lágrimas de alguém
Que minhas não serão nunca mais

E calorosamente, comigo
Vejo e olho e sou amigo
Destes meus amigos, infinitos e mortais!