sábado, 13 de dezembro de 2008

Sons

O teu corpo mexia-se levemente, ondulando. O vestido era vermelho cereja e os teus lábios também. Cheiravas a uma qualquer fruta tropical. Como sabias bem naquele fim de tarde. Juntas formavamos um só corpo, unidos por algo que no dia seguinte nem sequer nos lembravamos de ter existido. Adivinhava-se uma noite bela. Saimos do café onde estavamos. Não havia vento embora os seus cabelos ondulassem como por magia. Era linda.
Esperavamos na estação pelo primeiro comboio que chegasse. Já sabiamos o nosso destino, apesar de não havê-lo.
Chegamos a um quarto (seria dela?), nitidamente pequeno. Deveria morar sozinha, de certeza. Avistava-se uma fantástica garrafeira.
-Posso? - Perguntei, apesar de já me estar dirigindo para esta.
-Claro - respondeu apenas, indo buscar dois copos.
Depois de bebidas muitas (quantas?) fomos para o quarto (que fazia parte da sala, diga-se). A cama parecia pronta. Passado uns minutos de névoa flashada, estavamos de volta a um sofá pequeno. Foi a nossa escolha. Desapertando as minha calças e tirando-as de seguida, fiz o favor de fazer-lhe o mesmo (entenda-se, despi-la, tirar-lhe o vestido). Seguiram-se-lhe as cuecas. Que era aquilo? Ao tirar-lhas descobri que teria vindo para casa de uma desconhecida e fornicaria com um desconhecido. Paralelamente a isso, foi igualmente bom.
A.M.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Encontro

Tenho andado à tua procura. Tento ver-te passar na rua, tento olhar sempre para ti de modo a que os olhos não me iludam. Não consigo. Sentir-te como minha, olhar-te e beijar a tua pele branca custa-me por ser mentira. O teu corpo fere-me, o teu corpo. Como queria que fosse meu!
Tenho andado à tua procura, meu amor. Por onde tens andado? Preciso de te ver, hoje. Quero. Desculpa.
A.M.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Conversas de taberna

Ela: Porque andas sempre com os olhos postos no chão?
Eu: Para poder ver e depois apanhar as moedas que vocês deixam cair.
Ela: Obrigada, és muito querida...
Eu: Depois fico com elas.
Ela: Ah...
(Vai embora)
Apanho logo de seguida uma moeda de 50Centimos que ela tinha deixado cair.
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Que significado terá isto?
Nenhum, para além de enriqueçer (UI, tanto que até estranho) às custas dos outros (e ter um Curso Profissional [De Ladrão], que também está super na moda, também dá jeito).

Divirtam-se, às minhas ou às vossas custas, que não interessa nada

(Perdoem-me, pois não irei acabar o Texto "Les Femmes")

Adriana Matos

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Les femmes

O dia junta-se ao alcool entornado. Todos estão iguais a ontem, mas vejo-os agora diferentes. Num grupo à parte, cinco raparigas prendem-me a atenção: uma loira, alta e bonita. Fazia lembrar até a Paris Hilton, em movimentos que deixavam ver os seus desejos mais intimos. Ao lado, estava sentada uma ruiva de cabelo curto. Deixava escapar, por entre a base, umas sardas no nariz e peito. Trazia um vestido, curto, vermelho e uns sapatos de salto altíssimo. E as outras eram morenas: uma de cabelos longos, lisos, que davam automaticamente um ar de mistério incomparável. A outra que se lhe seguia, tinha franja, um cabelo liso e uma longa lista de piercings e tatuagens. A ultima, tinha apenas cabelo muito curto, como um rapazinho, e diria que era 'Maria-rapaz'. Passei todo o tempo a observá-las, a ver-lhes os corpos unicos. Como eram belas, pareciam saidas de um filme qualquer. Achei-as deslumbrantes. Imaginei-as em poses impróprias e numa cena de glamour e em muitas outras situações. em todas me pareciam fantásticas. Apeteceu-me imediatamente fazer amor com elas, isto é, com os seus corpos quentes que transbordavam vibrações para meu ser. Um desejo subiu-me por mim a cima, e já elas reparavam agora que as obserava com um desejo tremendo.

*acabarei depois*

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Filosofia perdida

Que somos nós senão matéria? E quem me explica o que é a matéria? Que quer dizer existir? E quem me dá uso a esta existência minha?

Devaneio hoje, com inexperiente filosofia, por não saber o que faço aqui. Sentem-me, que o sinto eu também, e deixa-me isso logo vazia. Conhecerem-me é o pior de tudo. Descobrirem-me as fraquezas pode matar-me de vergonha. E é tão simples descobri-las, basta ver-me morrer. Dizia-me um dia Ateu, Ah!, bela estupida eu era! Li então, algo que Vergílio Ferreira dizia (de certeza para mim) que "todos os ateus se convertem à hora da morte". Pois ora bem, converti-me? Quem me dera que estivesse cá ele para me explicar.
Voltando às perguntas sobre e Existência, para não me desviar muito, é uma merde que ninguém ma explique, por não havê-la nunca. Precisava que me mostrassem que vivo.
Estou preocupada, não sei ser. Quem mo explica? Por favor, abram mentes e mostrem-me que não existo!

Adriana Matos

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Vicioso vício

Os dias são passados a ingeri-lo. Depois, segue-se-lhe uma data de carícias propícias a outras marés. O corpo pede, a boca leva-o até lá. Uma vez ou outra, lá tenta o organismo mandar fora este vício, embora em vão. Toda a gente o sabe de cor. Toda aquela alegria de bebe-lo traz-me a paz que não tenho. Não interessa. Apenas consumo, e consumindo sou capaz de consumi-lo de novo. É um círculo vicioso, como tudo, aliás.

Ali, a olhar para mim, cheia de carência, está ela. Com um fundo redondo e um liquido transparente. Ali, a olhar para mim, está o vazio do meu quarto, que nunca me chama à razão, pois não a há. O céu sobe agora, para onde não estava antes. Sobe para o sítio dele. Ah, que devaneio este! Estava a falar do ser-se viciado, já me esquecia.

Cair em mim? É deixar de ser quem sou. É morrer depois de ter morrido. Não posso cair. Muito menos em mim. Por isso faço por esquecer-me disto. E daquilo.

É tudo igual. Até o diferente. (Estarei eu já a espalhar o tema? E vós a não compreenderem minha escrita?)

Meto na boca o vício, e levo-o até mim através do esófago. Não sei o que sou. Tenho vícios em todos os poros do corpo. E nem sequer me quero desfazer deles. Embora queira. Parece-vos estranho? A mim também.

Adriana Matos

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Mundo


Nós não estamos no comando, nós não estamos a governar.
Estamos a ser comandados, estamos a ser governados.
Como marionetas pedintes.
Adriana Matos

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Mais um nenhum no meio do nada

A cama tinha sido feita. Deitada nela estávamos nós. Trazias vestido uma camisa preta e umas jeans. A posição do teu corpo era-me estranha, meia sentada e com as pernas num ângulo esquisito. Porém, estavas muito bem. Olhei-te. Fazia-o muitas vezes. Não gostas disso, bem sei, por isso é que o faço. A tua pele estava morena, e apetecia-me tocá-la. Coloquei os meus braços em torno do teu pescoço. Beijei-te. Não mostras-te qualquer prazer ou desejo por mim. Não me importava com a tua indiferença. Agarrei-te nas mãos e toquei-me com elas. Primeiro, nos ombros, para se lhes seguir os seios, as ancas, as virilhas. Tu olhavas para o infinito. De vez em quando, regressavas a ti e miravas onde as tuas mãos estavam a tocar, para voltares logo ao teu mundo. Chamei-te. Disse-te para me beijares. Fazendo-me a vontade, beijaste-me levemente, sem qualquer tipo de emoção aparente. O teu pouco desejo por mim excitava-me imenso, e tu sabias. Desapertei-te o cinto. Queria-te. Deixaste. O fecho das calças abri-o com os dentes, enquanto os meus olhos pousavam em ti. Sorrias agora. Não eras tu que me interessava, era o teu corpo. Tirei-te os sapatos, as meias e depois as calças. Demorei-me nas tuas pernas. Beijei-te as feridas, os sinais, as nódoas negras. Toquei-te onde podia e queria. Olhei para ti. Tinhas os olhos fechados. Já as duas sabíamos o que viria a seguir. Deitei-te, meia à bruta. Agarravas-te agora às traves da cama. Puxei lentamente os teus boxers pretos para baixo, até irem parar ao chão. Coloquei-me no meio de ti e fitei-te. Os teus olhos abriam-se agora e sorrias-me. Puxaste-me para ti e sussurraste ao meu ouvido: "Esta noite sou tua". E eu já o sabia bem que eras. Voltei ao centro de ti. Com as mãos, fui abrindo as tuas pernas até te deixarem à vista o sexo. Agarrei-te as mãos, prendi-as às minhas e beijei-te as virilhas. Mordisquei, olhei, consumi. Fui brincando com os teus lábios, enfiando a minha língua dentro deles. Um gemido saiu de ti, de dentro para fora.

Depois, tudo aconteceu rápido. Tive-te ali, receptível a tudo o que eu quisesse. Atingiste o orgasmo. Não queria. Queria possuir-te, violar-te. Afinal, eras como todas as outras. Igual a todas. Perdi o desejo. Beijei-te os seios, mordi-te. Depois disse "Veste-te". E tu vestiste-te. Eras um objecto sexual, mais um. Disse-te que me ia embora, já era tarde para levar com as tuas perguntas. Disses-te-me "Já é demasiado tarde. Já não há comboios nem autocarros. Fica aqui". E lá fiquei.

Ao acordar de manhã, um bilhete avistava-se à minha mesinha de cabeceira. Dizia: "A noite foi óptima. Vê se me esqueces. Não me voltarás a ver". Já sabia que era aquilo que dizia. Sai dali. Já tinha consumido as minhas vontades. A seguir, iria beber um Martini no café. Apesar de ainda ser cedo, a vontade também não tardou a acordar.

A.M.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O longe está perto demais

Acordei. Tinha-te ao meu lado. Com as mãos levantadas sobre a almofada e a cabeça sobre a mesma, estavas tu. O sonho, daquilo que tinha acontecido ali mesmo, tinha acabado. Estava na altura de me ir embora, acabara de cumprir ali a minha missão de amante. Não sei por quê, mas não fui. Ao invés disso, enrolei-me à tua cintura, subindo por cima de ti até ficar num encaixe perfeito. Deixei-me estar ali imenso tempo, e tu só dormias. Não parecias dar-te conta de que era eu que ali estava. Não parecias perceber que estava ali. Mas uma vez que sabias o que significavas (apenas mais uma noite de loucura) não me importei. Acordaste. Dei-te a mão. Agarrei-te nos dedos e fiz pressão. Não podias fugir de mim agora. Estar ali significava amar-te, e tencionava fazê-lo mais uns minutos. Com a boca, fui beijando-te o pescoço. Nunca a boca. Já sabia que era proibido (e apetecido!).
Virada de barriga para cima, vi-te a beleza que nunca tinha visto antes. Fui amando o teu corpo, comendo-te lentamente, como a uma sobremesa. Desci. Com leves carícias, puxei-te para mim. Fiz com que viesses encostar o teu corpo ao meu, sabes bem. Adorava sentir-te a respiração. Estavas quente e ofegante. Adorava em ti o teu tom de pele. Não me preocupei em fechar os olhos enquanto te beijava, nem tu. Olhava para ti sempre que fechavas os olhos de um prazer nulo. Ficavas linda.
Estava na hora. O tempo tinha passado e agora tinha que te deixar. Beijei-te a boca, levemente. Pedi desculpa mas voltei a fazer o mesmo. O sal que tinhas na boca! Ai, só sei eu o que senti ao fazê-lo. Disseram um dia "O fruto proibido é o mais apetecido", como me soava isso tão inteligente agora! Acariciei o teu corpo, como despedida. Vesti-me. Olhavas para mim e não emitias qualquer som. Peguei num papel e escrevi o meu número. Não tencionava que o usasses.
A tua cara estava indecifrável, um misto de euforia e indiferença. Voltei-me para a porta e andei. Ao abrir a porta, os teus braços abraçaram-me e disseste-me ao ouvido:
- Quero ver-te amanhã.
Sorri. Sai pela porta. Onde estaria eu? Não fazia ideia alguma. O sol já torrava. Que haveria acontecido ali? Não tinha a certeza, mas sabia que tinha sido fabuloso.
Com os óculos de sol postos, e os botões da camisa mal apertados, ri-me. Como eras ingénua! Nunca mais te voltaria a ver, pois poderia querer amar-te mais. O número que te dei era falso e a noite anterior foi apenas mais um dia de passado. Estava na hora de seguir em frente.
Agora deixo-te a despedida decadente, a minha despedida. Agora que já foste comida, está na altura de deitar a embalagem fora. A verdade é dura? É uma verdade incrível, não é? Claro que sim. O problema das pessoas é que querem mais do mesmo. Mas eu não. Apenas quero provar sabores diferentes, gostos diferentes, coisas diferentes. Não tenciono amar-te. Nunca. Porém, pensarei em ti para o resto da minha vida.
Vida? Ahah, graças à droga consumida, ainda pensei que tinha uma.

Perguntas-te?

Qual a diferença entre o homem e a mulher? Por que raio é que a maldade é dada de mão beijada ao homem? Como é possivel, que desgraçados humanos passem por um mendigo e pensem "Deve precisar de dinheiro para a droga..." e passem depois por uma mendiga e le dêem para a mão 2€ pois pensaram "coitada, não tem casa...". Qual a diferença? Quem vos não diz que o dinheiro lhe oferecido não foi para matar os seus vicios loucos, sejam eles quais forem? Quem vos não diz isso? Por que é que certas pessoas pensam no sexo feminino como sendo mais fraco, ingénuo, verdadeiro? Como é que há gente tão estupida ao pensar nisso?
Exclareco-vos, ó bestas andantes, que todo o ser é Mau. Todo o ser se torna mau e instintivo quando a vida lhe nasce dentro do corpo. Todo o ser se torna, de uma maneira ou de outra, mau. Quanto mais não seja, em pensamento.
Qual é a diferença ente o homem e a mulher?
A.M.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Dias de Sombra

Dou-te a mão. Tu deixas.
Abraço-te. Tu deixas.
O Mundo está todo lá em baixo, e nós no céu. Ou sou eu a sonhar? Já não sei.
Permanecemos assim, milhões de anos, abraçadas, juntas. A cama era pequena, não faz mal.
Somos todos iguais, todos os mesmos. Estamos todos juntos, neste mundo de merda e tentamos viver aqui. Somos iguais. Com as mesmas fraquezas, os mesmos enjoos, as mesmas desilusões.
Somos todos iguais, dentro da nossa diferença.
Agora deixa de falar, de filosofar, e beija-me. Beija-me louca e desenfreadamente como nunca.
Adeus.
A.M.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Whisky

Traz-me aqui hoje, qual sangue que corre em minhas veias, esta bebida que se por mim deixou beber.
Há quem diga, saber-se-à lá porquê, que ela é bebida de velhos. Discordo.
Aquece-me a alma e o corpo. Deixo-me invadir. És tão bom para mim, como mais ninguém sabe ser. Caiu de amores por ti, hoje. As minhas pernas flutuam, tudo é belo e doce. Tudo me seduz agora. Tudo me faz amar. Sei-te momentâneo, sei que não és duradouro como queria que fosses. Mata-me mais uns neurónios. Leva-me contigo, para sempre, à felicidade quimica em que me envolves.
Hoje, Whisky, és a melhor coisa que conheço. Hoje, amo-te (que quer isto dizer?) para sempre.
Hoje, deixo-me levar por ti para o Mundo que me dás a ver.
Consumir-te-ei eternamente, até que a overdose nos separe.
Adriana Matos

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Palhaçada em dia vermelho

Não sei se a verdade é esta, mas se for, na realidade nada existe. Muito menos a verdade. Não me parece que saiba sequer o que estou a escrever, ainda não sei o que escrevi, tenho que o ler primeiro. Nada somos, nada para além do vazio que não existe. Paciência. Continuo com a vontade de existir. Talvez um dia tente.
Adriana Matos

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Meia volta para dar ao mesmo

(Olá. Chamo-me Adriana. Hoje voltei a cair na doce tentação. Não sei o que me traz aqui. Quem me dera estar pedrada, seria mais facil falar. Estar presa, ah! Agonia de existir! Tento viver. Não me sai da cabeça o que se passou à uns tempos atrás. Abro o cérebro. Dele sai nada mais que tristeza eminente. Hoje não há correcção possivel. Sou pouco mais que erva comida por cavalos selvagens. Pouco mais que vento do leste. Pouco, tão pouco mais! )
Sinto-me, e sento-me. É um dia triste. Apesar de o sol brilhar, o som do vento faz-me chorar os olhos. Fecho-os. Nada se pode fazer agora. Um oceano de dor cai de novo aqui. Uma nuvem tapa o sol, ah! Não. Não vou continuar assim. Ou irei? Já nada sei. Passo na rua. Lá vai mais uma coitadinha, que se queixa da vida como eu. A triste. Quem me dera sê-la e não me ser, a mim! Vagueio. É um passeio pela mata, nada justo. Sonho acordada. Hoje o dia afinal não está assim tão mau. Dou um salto para o fundo do poço. Tropeço, enfim. Nada disso interessa. Interessa dizê-lo, dizer que não interessa. Da mala sai mais um cigarro. Marlboro. Ai!, esta minha vida de ser assim. Por mim passaram umas quantas senhoras, olhar de desdem, importar-se-iam? Duvidei disso. Nuvens cinzentas. Não!? O dia teria que estar bonito, contrastando com minha infelicidade. Palavra feia!
Tristemente vivo, e sou feliz por não viver vivendo!
Mais uma vez,
Adriana Matos

sábado, 24 de maio de 2008

-

De tempos a tempos lembrasse-me a vontde de não querer viver. Esta saudade que me traz aqui, já não me trouxe porém noutras vidas? E a vontade de ter sede e ter fé! Quem, quem, tão grande e tão vazio se me pode colar às costas, mais um fardo este? Quantos de nós, pequenos ou pequeninos, somos querer ser? Esta vida, credo, que me deu alguém, não é nada senão estas linhas que correm num afluente lá longe. Esta vida, credo(!), é um bloco que caiu tristemente de um telhado qualquer. Enfim, senhores, quantas vezes dizemos coisas apenas por dizê-las? Quantas e quantas vezes falamos como eu agora nada do que queremos dizer? Sim, é da vida. A vida que nos constroi e corroi, aquela coisa que ninguém sabe de onde e para onde vem. Enfim, é da vida. Daquilo que nos traz e que um dia nos leva. Enfim.
Adriana Matos.

Fumo

Trago comigo esta ansia de não viver.
E assim vivo.

sábado, 10 de maio de 2008

Dia a dia

Todos os dias fazia o mesmo caminho. Não se considerando rotineira, apercebera-se de quão mentirosa era. Afinal, todos os dias eram-lhe iguais. Todas os dias eram feitos e coloridos da mesma cor. Todos os dias, sem excepção eram feitos do mesmo tecido. E ela, pedra de açucar, vivia na sua mentira. Não se importava minimamente. era assim e pronto.
A sua vida estava num turbilhão de confusões. A sua vida resumia-se aos seus pés, a unica coisa que via à muito tempo. Todos os dias chorava um bocadinho, talvez com esperança de acalmar a dor que lhe saia do peito. Nada naquele momento fazia sentido. Muito menos ela. Cada dia, era mais um tormento que se lhe colava às costas, mais um fardo, mais uma cruz. Aqueles dias já nada lhe diziam. Emfim, em fim e por fim. É assim.
Adriana Matos.

sábado, 3 de maio de 2008

O meu Mundo

Acordo de manhã, de manhãzinha
Lavo a cara, desgraçada
Sorriu enfadonhamente, engraçada
Trago sempre comigo, esta pena minha!

Folgo em olhar o mundo, em ver os animais
Como e durmo e danço
Calo e choro de manso
Como todos os outros, são-me iguais

E reservadamente, com ninguém
Choro lágrimas de alguém
Que minhas não serão nunca mais

E calorosamente, comigo
Vejo e olho e sou amigo
Destes meus amigos, infinitos e mortais!

terça-feira, 29 de abril de 2008

Canção

Conto os dias para me perder no mar de flores

Onde meus dias são azuis-mar

E minhas mãos são de brincar

Conto os segundos para me perder de amores!

-

Deixo o mundo pensar em ti, às cores

Canto-te ao ouvido, e beijo-te

E ao adormeceres, vejo-te e toco-te

Coro e choro e morro, ai de mim, minhas dores.

-

Forro o chão de búzios do mar

Teu véu cai em mim, e ao amainar

Encontro em ti quase felicidade.

-

Soro de teu ser é amar

E quando de mim acordar

Pétalas de flor murcha em tenra idade!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Hoje,quarta-feira, faz uma semana

Chego a casa. Algo me diz que nada está bem, tinha andado a dormir mal e tinha a sensação que algo estava errado. Abro o portão. Comigo, carrego pesos de algo que agora me parecem transparentes e insignificantes. Vou à cozinha. Chamo pela minha mãe e o meu pai, mas ninguém diz nada. Vou ao quarto do meu irmão. A cama, que normalmente estava a meio do quarto, esta quase à janela. Os brinquedos, esses, estavam todos partidos. O coração começou a bater demasiado rápido para mim. Saí. Fui à "churrasqueira".
O que tinha defronte aos meus olhos era o passado, era impossível. A minha mãe estava deitada no sofá antigo, e o meu pai punha-lhe remédio para as feridas.
-Que aconteceu? - Foi o que me saiu, tinha a boca seca.
-Nada, foi um acidente de carro... – Dizia a besta que haveria um dia chamado pai.
Não, não tinha sido e eu sabia-o. Fui a casa. Agora, o meu coração batia mais que o permitido, saindo-me quase pela boca. Agarrei no telemóvel e sai porta fora. Corri. Ouvia, já longe, as vozes dos meus pais a dizerem para voltar. Isto era impossível.
À medida que corria até alguém que me ajudasse, a boca secava, tentava produzir saliva, mas tudo batia mal em mim.
Pedi ajuda às pessoas que mais perto de mim estavam, e também eram as mais minhas queridas, e liguei para o 112. Enquanto pedia policia, vi o meu pai passar com o carro. Ia à minha procura, mas agora já era tarde demais para ele. Agora, já tinha feito o que era certo e ele não repetiria a proeza de à 10 anos atrás.
Voltei para casa. A minha mãe dizia-me "O que foste fazer, filha? Não o devias ter feito". Gritava-lhe eu dizendo que a policia vinha aí, que ele, pai apenas de sangue, era a pessoa que mais odiava, que era um monte de merda e que esperava que ele se tivesse ido matar.
A minha mãe chorava, e eu com ela.
Pouco depois, a policia tinha chegado. Incrivelmente, chegou ao mesmo tempo que ele.
Depois disso, o meu pai falou com a polícia, eu falei com a polícia e a minha mãe falou com a polícia. Não verti uma lágrima à sua frente, não merecia. Não merecia nada, nem nunca.
Uma das orelhas da minha mãe sangrava imenso. Tinha nódoas negras em cima do nariz, nos olhos, em cima e por baixo do lábio. Vim perceber depois, já lá irei, que eram inúmeras as que tinha nas outras partes de seu corpo.
A polícia resolveu chamar uma ambulância, estava a olhos vistos que a minha mãe precisava de ir ao hospital, mas ela só me dizia "Que vergonha, Adriana".
Eu, que à anos que tentava perceber aquilo, via-me a reviver de novo o mesmo filme. O meu coração, pequeno demais, não conseguia compreender que tipo de dor sentia no momento.
A minha mãe foi para o hospital. Eu arranjei com quem ir. O meu pai ficou em casa. Desejei que se fosse matar. Pensei, que chegaria a casa e já não haveria pai, nem dor, nem coisas más.
A minha mãe entrou com Alerta Amarelo para o Hospital Amadora-Sintra. Saiu de lá, apenas com um penso e quatro pontos na orelha, e um papel.
Chegadas a casa, reparei como tudo era vazio. Nada naquele sítio me fazia sentir coisas boas. Nada naquele sítio me trazia recordações alegres, como as outras crianças tinham das suas casas. Foi naquele momento, naquele preciso momento, que me dei conta de que era um mísera formiga no meio de uma rede enorme.
Hoje, quarta-feira, faz uma semana que o meu pai bateu na minha mãe.
Hoje, quarta-feira, faz uma semana que cresci mais um centímetro na distância de adolescente-mulher.
Hoje, quarta-feira, faz uma semana que não durmo uma noite inteira.
Hoje, quarta-feira, faz uma semana que tudo se mistura na minha cabeça com comprimidos e algo mais.
Hoje faz uma semana que perdi a vontade de ser feliz.
Adriana Matos.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O mundo vestido de rosas brancas

Em teus olhos via-se toda a beleza do mundo
Quem me dera ser eu a senti-la!
Alegro, felicidade, um copo de tequila
Brancas rosas viam-se no fundo

Corações abertos, paixão me mate
Quem me dera tê-los!
E sem os sentir, sabê-los
Que bate sem saber porque bate

Palmas ao vento! Palmas!
Grande espectáculo este!
Belas brancas rosas que me deste!

Depois do pano ter baixado
Da se ter alagado a peste
Belas maçãs de rosto me ofereceste!

Adriana Matos.

sábado, 12 de abril de 2008

Desculpas, informalmente

Hoje já escrevi imensas coisas que queria dizer aqui.
Talvez por a minha cabeça estar uma confusão não me conseguir decidir sobre nada.
Mas sei, porque sim, que o lado mau das coisas já não me parece tão mau. Talvez por ter esquecido de novo que posso ser sóbria quando quero.
Aqui, hoje e agora, peço desculpa por ser assim.
Assim nasci, assim vivo, e assim morrerei.
Para o pessoal que sempre me viu como amiga apesar das controvérsias, um abraço do tamanho de uma garrafa de Whisky.
E mais uma vez, desculpa.


Sinto necessidade de relembrar esta música.

Linda Martini – O amor é não Haver Policia

"Sentimos no ar a melodia etérea. É a nossa música.
Cantamos e dançamos como se fosse a última vez, o último olhar, o último toque, o último beijo.
Estás linda.
O teu vestido, da cor do vinho que enche os copos, aquece o chão que pisas e relembra a razão. Todas as razões.
Diz-lhe para parar aqui. Eu queria tanto parar aqui.
Os olhos param em ti e em mim, enquanto preenchemos o espaço vazio, impossível de preencher por alguém que não nós. Não pedimos o fim, mas não nos importamos se acabar assim.
Diz-lhe para parar aqui. Eu queria tanto parar aqui. O mundo é grande e em todo o lado se vive. Diz-lhe para parar aqui, vivemos em caixas de fósforos. Não sopres. Se as mãos pudessem dizer por mim.
Eu queria tanto parar aqui.
Pára."


Tenho tudo dito por agora, nada de poesia bonita e falsa, nada de bonito. O mundo é uma caixa e eu estou com claustrofobia, é só isso.

Adriana Matos

terça-feira, 8 de abril de 2008

Cansaço

Do céu caiem, de tempos a tempos, lágrimas que sei que já foram minhas. Tento agarrá-las, consumi-las. Quem me dirá, que não estarão a enviar nesta chuva mensagens de outrora? Tenho sede dos oceanos que nunca provarei. Tudo à volta é seco, embora húmido. Tudo é cinzento com leves tons de azul. O corpo manifesta-se com dores que em lado nenhum estão, nem estiveram, e tenta falar por mim. O calor que antes sentira, hoje não sinto mais. Responde-me sei lá quem e sei lá porquê, que tudo em mim é podre e pobre. Diz-me a Inteligência que sou fracasso e preguiça de viver. Contudo, é o Pensamento que me fala mais vezes ao ouvido, não me deixando em conforto comigo, não querendo a minha alegria. As lágrimas que chorei e que já secaram, não as contei. Nunca as contei. Os sonhos que tive, já os perdi de vista. À quanto tempo? A recordação, essa, é algo que vejo lá longe, como daqui ao sol. E tudo em mim parece não desenvolver, tudo parece não brilhar. Talvez por este baço nevoeiro. Talvez por este nevoeiro imenso que não me deixa ver para além dos meus próprios pés. Ou quem sabe, se por ser eu mesma a falar em vez de mim. Quantos sonhos em flor deixei eu de regar! Quantas amargas e tristes histórias contei eu, eu!, que me tratei sempre como terceira pessoa! Quem saberá que tantas histórias contei? Quem saberá que todas elas eram minhas? Minha e tuas, minhas e de outros personagens que eu não criei, mas vi! Quem? Como?
Adriana Matos.

sábado, 5 de abril de 2008

Canções em papel

O copo estava vazio. Já o teria levado quantas vezes à boca? Quantas e quantas vezes já bebera o mesmo líquido naquele copo cheio de amargura? Era catastrófica a maneira como vivia a sua vida. Sem interesse, sem bons momentos, sem felizes contrariedades, sem tanta coisa! O sol, que hoje já não lhe tocava na pele, fazia-a parecer sem nenhum tipo de brilho. Estava tão cheia de ódio. O seu pai voltara a dizer o mesmo. "Tão vaca é a mãe como a filha". Como? Aquelas palavras ecoavam na sua cabeça, e faziam-na desejar não ouvir mais nada, nunca mais. Tapou os ouvidos, tentando não ouvir mais as palavras que vinham da sua consciência, fosse lá isso o que fosse. Doía-lhe a cabeça. Agora as frases eram gritadas por a voz familiar de seu pai. Uma nuvem tapou o sol, que tentava penetrar no seu quarto, agora tão cheio de vazio que não a deixava dormir. Voltou a encher o copo. Em quantos já iria? As lágrimas cobriam-lhe já a cara, como um lençol de água, quando o seu pai entrou. Os olhos vermelhos saíam das órbitas, qual cão enfurecido.
-Tudo isto é culpa tua! Tudo isto foste tu que criaste!
-Não interessas.
Mais uma vez, levou à boca a garrafa que tinha a seu lado. O pai olhava-a com estranha pena. Que interessava? Nada. Cuspiu-lhe na cara. Depois, fez-se tudo névoa. Percebeu então, que apesar de tudo, era o reflexo do mal amor que lhe deram, era a ovelha mais escura do seu rebanho. Já não queria saber. Acabou com a garrafeira, e caiu para nunca mais se levantar. Tudo o resto, já teria à muito ficado para trás das costas.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Relato de Infância

Acordou com um estrondo. Que seria? Tinha medo que fossem "os maus" que lhe tivessem invadido outra vez a casa. Ficou na cama, tinha tanto medo. Outro estrondo. Vários gritos se sucederam. Eram os pais a gritar um com o outro. Levantou-se devagarinho, agora tinha ainda mais medo que antes. Foi à casa-de-banho. Ficou petrificada, escandalizada e profundamente triste. A sua mãe estava junto à banheira, com um braço apoiado na mesma e o outro a segurar num dente. Teriam sido os maus? Porque estaria o pai a gritar tanto? E a mãe, será que lhe tinha caído um dente? Então teria uma prenda da Fada Dentinho... Mas porque estaria ela a sangrar tanto? Paralisou à frente da mãe, ao lado da porta da Casa-de-banho.
-Mãe, que aconteceu?
-Nada, vamos embora daqui.
Porquê? Tinham acabado de se mudar para aquela casa, construída pelo pai. Não cabia na cabeça de uma menina de 4 anos compreender tudo tão cedo.
A mãe agarrou-lhe no braço e levou-a para o quarto de casal. Trancou a porta. Começou a fazer as malas. O pai batia na porta com toda a força. Dizia palavrões.
-Porque é que o pai está tão zangado?
-Porque é um cabrão! VAI-TE EMBORA DAQUI!
-Posso levar os meus bonecos, mamã?
-Claro..
Ao menos isso. A mãe sangrava da boca, ainda. A camisola estava já manchada pela dor e a agonia que só uns anos depois a criança compreendeu bem.
A mãe abriu a porta. O pai estava manchado com o sangue da mulher. Porque estaria tudo aquilo a acontecer? Será que o pai ou a mãe teriam feito alguma coisa mal? Seria por sua causa?
- Onde estão as chaves, caralho?
-Não penses que te vais embora assim.
-Dá-me as chaves!
-Nem penses!
-Então saímos pela janela.
Ele dá-lhe uma estalada. A mãe deveria ter feito algo muito mau... Mas o quê?
-Não sais, digo-te.
E depois, tudo se lhe apagou, nada mais lhe é dado pelas páginas amarelas da memória.
Anos depois, a imagem continuava nítida. Ainda mais nítida, agora já percebia tudo. O pai, que nunca tinha sido para ela um pai, tinha problemas. Tinha batido à sua mãe apenas porque sim. E nunca, mas nunca, lhe perdoaria por aqueles momentos de agonia profunda que hoje ainda, provocam arrepios e choros e dores à eterna menina.
Adriana Matos.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Nevoeiro


Adriana Matos. Fumo


Estava à tua espera. Já sabia que não vinhas mas tinha que esperar. Era isso que me mantinha viva, era o que me fazia respirar. Tudo rondava à tua volta, porque tu eras tudo.
Sai à rua, queria beber alguma coisa que me deixasse melhor. Comprei um vinho do bom e fui com ele para um campo de girassóis que ali havia. Senti que estava no melhor sítio do Mundo. E nem precisava de ti... Tudo ali me envolvia, e eu era a única que estava contra ao sol. Tudo ficou subitamente lindo, alegre e colorido. Nas veias corriam-me multiplas flores e vários cheiros. Estava ali tão bem! O vinho já tinha ido, já era passado, e prendia-me ao Whisky que tinha na minha mala. Ahah, quantos sonhos ali estariam! Meus e teus, e nossos nunca! Deitei-me naquele mar imenso de amarelo, e sorri. O dia estava lindo e tudo o era também. O sol queimava-me a Iris, portanto fechei os olhos. Não tardei a adormeçer. Quando acordei, a lua já ir alta e as horas já não eram as mesmas. Já tinha tudo voltado a ser cinzento. Não faz mal. Tinha algo que um amigo me tinha dado, apesar de o estar a tentar guardar. "Só um pouco não faz mal". Comecei a inalar, tão branca linha de beleza, e perdi-me nela. Tão depressa era noite como depois era dia, tão depressa era uma linha como três. Bem-feita por não vires ter comigo. Chorei de tanto rir de tão maluca que estava e era. Lembrei-me, tinha que voltar para casa. Podias estar à minha espera! A cambalear, fui para casa, mecanicamente. Quando abri a porta nem reparei. Só depois, já sóbria de novo, vi o teu bilhete: "Não esperes mais por mim". Fui até ao quinto andar e parti. E nada é real.
Adriana Matos.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Ouço e calo

Voltavamos nós, outra vez, para as mesas e as cadeiras, e os quadros de jiz. Fui a pé para a escola. Passaram por mim tantas vidas, tantas almas, tantas coisas e animais e cheiros. Só me lembro levemente de uma rapariga linda que vi depois de sair da estação. Nada mais me sai. Só pensava na estupidez de ter gasto o dinheiro. Precisava de tabaco. Agora teria que esperar, para ganhar uns trocados. Estava com dor de cabeça. Não sei o que se passa comigo, mas não interessa. Descubri os calmantes da minha mãe. Bela e doce tentação. Estou à espera de oportunidade para lhes deitar a mão. Queria ouvir música, mas tinha-me esquecido do MP3 na casa da Deb (estive lá até à noitinha, e nem me lembrei). Enfim, clima perfeito.
Cheguei à escola, e encontrei logo uma companheira de mesa na sala de aula. Optimo. Pus o meu melhor sorriso plástico e cumprimentei-a com palavras mansas. Gosto dela, é boa pessoa. Mas apetecia-me mais estar em casa. Soava-me na cabeça uma música do Yann Tiersen. Nada daquilo fazia sentido.
Vi a Raquel. Voltei outra vez ao meu estado. Não queria acreditar. Até parecia que estava apaixonada. Ahah, e eram só sininhos e borbuletas e isto e aquilo. Soltou-se uma lágrima. Merda. Dizia asneiras mentalmente. E saber que aquele sorriso que me asfixia podia ser meu. Não, não. Não deveria sequer ser meu. Imagens minhas e dela, deitadas num qualquer sitio. AH, queria tanto. Mas não. Uma fonte de pensamentos mórbidos fazia sentir na minha cabeça. Dores de cabeça. Nada justificava aquilo. Odiava-a, naquele momento. Não me saia da cabeça. E morri quando a porta se abriu, e o sol entrou, e penetrou na Iris. E assim, acordei. Acordei do sono que a vida me dá.


Adriana Matos

quarta-feira, 26 de março de 2008

Relato da minha Páscoa

Sexta-feira era o dia em que ia para a minha terra. Acordei indisposta, com dores de barriga. Não queria sair de casa, era demasiada a dor para me levantar. Piorou depois do almoço, e logo quando íamos pôr-nos a caminho. Mesmo assim, pegou-se nas trouxas e fizemo-nos à estrada. Continuava a doer mais e mais. Já tinha tomado um Aspegic, mas pedi à minha mãe para parar numa Farmácia para comprar outra coisa qualquer. Tomei mais dois Moment 200, e estava pior. Parámos. Estava cheia de claustrofobia. Saí do carro, olhei para ver onde estava. Numa ponte. Debrucei-me sobre ela para lhe ver a fundura. Era tão grande o desejo de lá estar projectada em baixo. Mas fui cobarde, tão cobarde. Deitei-me antes no asfalto. Comia-me as entranhas, não sei quem. Tivemos que voltar para o carro. E a mim doía-me tanto. Pedia constantemente à minha mãe para me fazer massagens, melhorava um pouco assim. Os meus pais quiseram ir a Fátima. Tudo bem, já não queria saber. Ao chegarmos lá, melhorei. O porquê deste melhoramento repentino, deixo ao vosso critério. Fomos ver a nova catedral. Chorei um pouco quando lá cheguei. Era incrível, tão incrível, aquela gente estar toda lá movida pela Fé. Olhava de soslaio para os outros, imaginando-lhes a vida e senti-me futilizada. Estariam quantos, mas quantos, quantos, com vidas tão piores que a minha? Pedi desculpa, mentalmente, a quem quer que fosse pois passo a vida a queixar-me de nada. Depois fomos comprar umas velas, os meus pais queriam pô-las a arder. Pronto, tudo bem. Fizeram o que tinham a fazer e depois fomos embora. Ainda tínhamos umas horas de viagem pela frente. Mas fez-se bem. Eu já não me queixava, o meu irmão já dormitava, e tudo para dentro se pensava. Enfim.
Depois de tanto andar, chegámos à minha terra (Lameiras) e já se sabe como são os avós: Lambem-nos e espremem-nos até deitar sumo. Foram feitas as perguntas de sempre: -"Está tudo bem contigo?"; -"As notas vão boas?"; -"Tens sido boa menina?"; -"E namorados?". Devo confessar que algumas respostas não foram as que se queriam ouvir, obviamente. E sussurrei alguns nomes que agora me parecem feios e maus. Já era tarde, fui ter com os meus tios e primos, onde ia dormir, e lá foram feitas as mesmas perguntas, ditas as mesmas respostas e sussurrados os mesmos palavrões. Falei com a minha prima sobre as novidades, e dormi.
No Sábado, estava frio. Queria ir dar um passeio, ir até aos moinhos (dos sítios que mais amo, onde a minha alma parece descansar) mas tal não me foi possível. É pena, mas não faltarão oportunidades. Almocei e jantei, como um zombie no mundo dos vivos. E por volta da uma da manhã, decidi dormir.
No Domingo, dia de grande pompa e circunstância naquela aldeia, tive que acordar por volta das nove e tal para tomar banho e me preparar para a missa (foi uma grande discussão, tentar dizer que não queria ir, em vão). Depois vim a saber, que para além da missa, havia também uma procissão. Esta começou antes da própria missa. Começou então a mesma. Notei que as minhas passadas estavam completamente descordenadas das dos outros. Não era o meu mundo. A minha avó agarrava com força a minha mão e ia-me puxando. Eu estava ali tal e qual um fantoche. Sim, era mesmo assim que me sentia, um fantoche. Nada daquilo tinha a ver comigo, e tenho a certeza absoluta, que nada tinha a ver com muitos outros que ali estavam. Depois a missa, depois daquilo estava pronta para dormir. Mas seguiu-se o almoço. Não comia praticamente nada do que estava na mesa, a minha comida era feita à parte (Vegan). Uma senhora que também tinha ido almoçar, deu-me 5€, tal como a minha avó. Acabou portanto o almoço e eu tinha 10€ no bolso, nada mau. Íamos depois embora. Começamos as despedidas. -"Porta-te bem" era o que me diziam. Só pensava -"Querias tu!". Fomos à terra do meu pai, só para fazer de conta que a família é unida e feliz. Acabamos por ficar lá a jantar, depois levaríamos o meu primo. Foi a sorte dele! Convidaram-me, para o ano, ir para a borga com os meus primos. Talvez. Para o ano, se verá.

Adeus,
Já não tenho forças para escrever mais,
e apetece-me ler Florbela,


Adriana Matos.

quarta-feira, 19 de março de 2008




Hoje não há título. Hoje não há texto, nem sentimentos. Hoje não há sol. Hoje não há eu, nem tu, e muito menos, nós. Hoje não nasci, nem morri, nem sequer vivi. Não acordei nem adormeci. Não. Hoje não. Hoje apenas há vento em mim. Apenas. Hoje não me vejo, como sempre.


PS: Claro, vi a Raquel. Hoje. E transparente continuei.


Adriana Matos.

terça-feira, 18 de março de 2008

Destinos

Estive à tempos (na altura das aulas) com a Raquel. Não a Raquel, mas a Raquel, amiga desde que me conheço. Contámos muitas coisas nesse dia. Ela estava muito feliz, as coisas corriam bem com o namorado. E eu, sozinha, afirmava sempre que também estava óptima. Não sei se é uma grande verdade, mas serve para deixar os outros descansados. Começou a mexer-me na mala, (o coração bateu tão forte nesse momento) e sentiu na mão uma caixa de cartão. Olhou para mim, já sabia o que era, procurou o bolso e pegou naquele maço de tabaco que tanto me tinha passeado, olhou para mim de novo, e apenas disse "Queres ver prazer?". Dobrou aquilo, dobrou e torceu, até ter a certeza que aquilo já não dava para nada. Fiquei ali, a pedir-lhe para não fazer aquilo, mas com ar de morta, e a sentir-me como tal. Reparei que lhe tinha caído uma lágrima de cada olho, e isso foi o pior. Fiz-me de forte, como sempre, e mudei logo de assunto, estivemos mais uns minutos juntas. Ela teve que ir buscar lenços, disse que estava "ranhosa". Fui com ela. Pouco depois, tocou para a entrada e ela foi ter com o namorado. Fui para as bancadas em frente ao nada, e chorei. Sentia que tinha desiludido toda a gente, que era um trapo, um nada, um nojo. Estava suja por dentro, tão que estava com raiva e nojo de mim mesma. Odiava pertencer ao meu corpo, naqueles minutos que foram um século. A Raquel sempre foi das pessoas que me chamou à razão, e por isso é que chorava. Ela tinha sempre a razão do lado dela, e eu apenas era uma zombie, a fazer tudo o proibido, tudo o que não se deve. Sempre me disse que se começava com pouco, disse-me isso quando comecei a beber e, agora, voltara a pensá-lo, voltara a pensar que era uma desilusão. Desta vez, foi melhor, porque me avisou a tempo. Mas terá sido no momento certo? Cada um terá opinião quanto a isso. Muitos não se mostraram interessados em minha pessoa e no meu estado, mas ela sim, preocupou-se imenso e foi tão estranho que ainda me está na cabeça. E na dela também.
Adriana Matos.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Cai-me tudo, até a vontade

Caiu-me tudo. Caíram as peneiras, as cagamerdeiras, as falsas roupas, as cores, as flores. Caiu medo por mim abaixo, como me caiu logo de seguida a sombra. O sol bate na janela, seco. Arranca de mim a luz interior que nunca existiu nem existirá. Expectativas criam-se à volta das palavras. Lá está ele, de novo, tentando fazer-me pensar negativo. Agarra-me à força, suga-me o amor, e traz em abundância toda a tristeza do dia. O sol debota-me a camisola. A paixão torna-se tão pequena! Como é possível meter um sentimento dentro de um objecto? Não faz sentido. O que faz sentido agora? Nada. Apenas a esquerda sobra para o caminho. Destra, não conseguirá nunca os dois lados da vida. Nada faz sentido. Apenas mexeriquiçes no meio do nada imenso se conservam. Mas afinal, que é isto? Que pensamentos foram revelados aqui? Quantas letras foram gastas, quantas palavras foram mentalmente escritas, quantos sonhos ficaram na cabeça?
Uma pequena nódoa no cérebro, para complexidade da simples vida.


Adriana Matos.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Página de Diário I

Maggie Taylor.



06.03.2008



"Lá lhe passou a mão pela vontade, ainda que a medo, e sorriu delicadamente para a que dizia ser a sua flor mais bela. Quando suas mãos tocaram nos cabelos dela, o calor subiu não sabe bem para onde. A vontade de um beijo, apenas um, era tão forte quanto aquele momento e aquelas vidas. E ali estavam, qual conto num livro, expostos à maré que as quisesse levar. Quem diria que o destino acabaria por juntar na mesma jarra duas flores de espinhos!
Com a alma cheia de amor por ela, rapariga de extremos pouco lúcidos, agarrou-se a ela. O momento durou uns segundos, mas toda a sua vida por ali passou e por ali ficou. Quando a noite a chamou, ela despediu-se e foi-se embora. Já longe dela, percebeu que se lhe esquecera de pedir a vida.
Uma lágrima caiu sobre a cama, mas pouco tempo depois secou.
Nunca mais a voltaria a ver, desse por onde desse."





Obviamente, tudo o que escrevi passou-se e ficou-se na cabeça.


Nada aconteceu. Nem sequer a vontade de tal acontecer.


E é assim, terapias de palavras que apenas magoam, mas têm que magoar. Masoquistas, dizem uns!



Adriana Matos.

domingo, 9 de março de 2008

Sinais

Gostava que soubesses a maré.
Gostava que tivesses a cor acastanhada da terra, aquela que só vemos quando somos pequeninos.
Gostava que tudo fosse amarelo debotado, e que tu fosses simplesmente alguém.
Não, o problema não és tu. Sou eu que te vi com olhos de quem vê mais do que o que está à frente, fui eu que fervilhei quão bule cheio de chá.
Gostava também, já agora, que a vida fosse mais simples, e soubesse a mentol.
Adriana Matos.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Palavras ao Rebentar das ondas

Hoje caminhei até ti mas arrependi-me. Tentei chegar mais perto para sentir o teu cheiro, mas não fui perto o suficiente para tal. Sabia que quando deixasse de ter o teu aroma, morreria por ter voltado a mim. Pena. Pena de não conseguir arrancar-te o coração plastificado. Pena de não conseguir tirar-te sequer um sorriso. Sim, tenho pena. E apesar de tudo, pena de ti, por ser eu a gostar.
E saudade, tanta saudade é de não poder roubar-te. Quão grande a vontade de te ter em mim. Grande sensação esta, de não ter nada mais que um vazio lunar.
Obrigada, querida Raquel, por me fazeres tanto chorar, como gostar.
Obrigada, estupida Raquel, pois isso ainda me faz mais achar-te uma piada doida que tu não tens.
Mas deixo para depois. Deixo para depois o que deveria ser falado agora.
Adriana Matos

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Hoje, à beira de um banco amarelo vómito

Estava calor, não muito, o suficiente para se dar por ele. Vinte e tal pessoas rondavam à minha volta, porque estavam comigo. Não comigo, apenas no mesmo sítio que eu e à mesma hora. Estava a pensar na Raquel.. O mp3 passava Gotan Project, ora Celos, ora Amor Porteno, ora Amor de Cabaret. Estava quase a chorar, mas nem sabia porquê. Agora talvez compreenda melhor o que estava a pensar... Talvez seja mais fácil explicar que estavam a cantar os meus pensamentos, os meus sentimentos. Agora, já senti que não fará mais parte de mim. Não sei bem o quê, há duas pessoas diferentes em mim. Tentarei subir, apesar de a consciência ser dupla, e manter-me lá. Tentarei vezes sem conta, até que a unica coisa que falte em mim seja eu.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Formas

A moda permite mostrar as melhores formas de alguém, mas e se houver alguém que não tem forma? Forma de ser, forma de estar? Forma de gostar, forma de falar ou forma de dormir? Se não tiver formas? Como se inclui na sociedade um pedaço de beco sem saída? Como se corrige as não-formas de se ser? E já agora, porquê estar aqui a escrever?

Um beijo para quem o quiser,

Adriana Matos

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Raquelíssima anónima

Adriana Matos. Homossexual.



Hoje, sinceramente, só me apetece ouvir Yann Tiersen e pensar na Raquel. Basicamente, tudo anda à volta dela, apesar de ela nem pensar nessa possibilidade. Vi-a hoje... É tão linda. Mas não é minha. Espero que não seja de ninguém, pelo menos enquanto eu a conhecer, para não se me partir o coração de plástico. Ainda não sei o que sinto por aquela gaja... Uns dias, parece igual ao que se vê nos dias que correm, noutros, parece mais admiração, admiração pela pessoa que é. Não sei se sabe que existo... Existo? Ahahah, podia escrever tanto sobre existância!! Hoje, não sei se quero existir... A existência é relativo a partir do momento que se quer que o seja. Não me apetece escrever muito agora.. Volto mais tarde, talvez..

Adriana Matos.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

"À morte, nunca ninguém se habitua"
Para quem não sabe, não tenho um Fernando Pessoa em casa, mas tenho uma excelente mãe.

Converseta para a valeta

Eu: Sabes, hoje sonhei com a Raquel... Sonhei que os óculos dela estavam pendurados num vidro de um carro e quando comentei contigo ela apareceu..
Ela: Está a começar a chover...
Eu: Ela estava sentada no café da Guida e imagina, de cor-de-rosa... A Raquel de cor-de-rosa (sorri)
Ela: Está mesmo a começar a chover...
Eu: (...) E depois fui falar com ela para a cave do café...
Ela: Os meus phones estão a falhar, já, fogo.
Eu (em pensamento): Era só o que estava a precisar, foda-se.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Carta para Nenhures

Hoje, querida Raquel, acusaram-me de não ser romântica. Será? Que me dizes a ouvir numa cassete um livro de Fernando Pessoa, enquanto se está a caminho de Paris apenas porque a noite é bela? Que me dizes a acordar e a unica coisa que consegues ver é o café Les Deux Moulins?
Não me importava, a sério que não, de testar limites contigo na Torre Eiffel. Também não me importava (talvez um bocadinho..) de fugir de tudo por instantes.
Contudo, não sou romântica Raquel. Não sou nem serei.
Não sou porque gosto de ti. Não sou. Não, porque em toda a minha vida, serei incapaz de dizer Amo-te sem emoção.
Não sou porque Tu existes.
Adriana Matos.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Tempos que correm (1)

Tenho a noção que tenho mais 10 anos que as outras pessoas da minha idade.
Cada vez mais se vê pessoas a dar uma importancia de 100% ao amor. Não Amor, apenas amor. Vejo que se sentem vazios quando não conseguem gostar de alguém (forçar sentimentos também é uma coisa linda de se fazer, claro, por isso é que o divórcio é tão bem aceite, tapa os erros).
Quanto mais vejo os outros gostar, menos me dá vontade de o fazer também (*Ver Nota). Claro que falo nisto por amanhã ser O Dia H, H de Horrivel. Sim, claro que digo isto por estar vazia quanto ao amor/Amor (*Ver novamente a Nota).
Quanto mais olho para os dias que correm, mais penso:
"Ai tempo, se pudesses andar para trás!"
Nota:
A Raquel, obviamente, não se inclui nisto. Não sinto amor por ela, mas... Gosto de pensar que a aprecio imenso, pronto e ponto.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Pensamento nº1

Adriana, Fotografia.

Nota: Não esqueçer de não olhar directamente para o tabaco que a pessoa que se gosta compra. Para além de nos fazermos de parvos, abrimos imenso os olhos e faz-nos parecer desesperados. Se se cair na tentação de olhar, NÃO abrir a boca. E se por acaso, abrirmos a boca NUNCA mas NUNCA devemos tirar macacos do nariz e metê-los lá dentro. Apenas porque é nojento.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Joe Sorren.

Quem me dera poder guardar os sonhos, para quando tivesse pesadelos conseguir entupi-los de esperança.

Nada em concreto

Hoje, ao ouvir Yann, chorei com lágrimas de crocodilo por uma vida mais consciente.
Temo que o Karma não perceba o porquê da adolescência e a minha vontade de fazer tudo em tão pouco tempo.
Sim, apenas fiz algo às escondidas e o Karma ia-me matando, fazendo-me cair pelas escadas.
Desculpa,
apenas faço o que o cérebro me pede,
e foi o que naquele momento me pediu.
Um beijo,
Adriana

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Carta para quem nunca Virá

Querida Raquel,
Hoje vi-te como nunca te vi antes. Olhei para ti, e algo mais que tu fazia sentir-se em mim. Algo bem mais que o que sinto por ti.
Nunca, em tão pouco tempo visual, fiquei tão satisfeita interiormente.. Uma canção linda entrou pelo ouvido e ainda a ouço. Estavas a viver a tua vida, como todas as pessoas que o querem fazer, mas tu és diferente. És sempre diferente. Estavas a viver a tua vida como sendo mais uma, apenas mais uma vida. Incrivel, parecias ter consciência disso mesmo. Estavas a sorrir aos teus amigos (entenda-se o que quizer da palavra "Amigo"). Estavas a sorrir-lhes, mas eu sei que nada foi tão falso como o teu sorriso naquele momento. Nem o que sinto por ti era tão falso..
Tentei abrir a embalagem que és para ver se gostava também do conteudo, já o fiz uma vez e chegou-me.
Prefiro imaginar-te, como se faz sempre que a verdade pode magoar, imaginar que és como eu quero que sejas e não és. Imaginar que estás comigo e gostas. Imaginar que a vida pode ser feita com dois bocados de Carne humana. Imaginar que te abraço como quem abraça Amor.
Não deixo de pensar em ti. Não sei porquê, não sei, acério que não sei. Tentei, agora já não, tentei tirar-te da memória por breves instantes. Arrancar-te dela como quem arranca flores no jardim. Mas não consigo, embriagaste demais o meu pensamento. Tudo o que resta são focos de luz quando desapareces da memória. É quando adormeço. Quando adormeço Raquel, e aí sonho contigo. Connosco.
A vida é tão injusta e tão falsa.
Um beijo de quem te adora desde que aprendeu a adorar,
Adriana.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008


Salvador Dali

Quando caiu, levanto-me. É a questão lógica das coisas.
Fazer força para acontecer o que queremos afasta apenas essas coisas. Quanto mais tentamos arranjar coragem para deixar vir ao de cima o nosso eu, cai em por terra todo o sonho do mundo ao notar que só faz com que tudo à nossa volta se afaste de nós próprios. Até nós nos afastamos... Tantas e tantas vezes. Tantas que nem vemos bem o número de vezes que acontecem.
Talvez hoje, ao passar ao lado do meu Pecado, e não ter conseguido dizer que me fazia o mal que me faz, me faça pensar que nem sempre temos o poder na entre as mãos. Nem todas as vontades são nossas (entenda-se: as dos outros também devem contar), nem todas as pessoas são Bens que possamos usufruir como se quer. A vida é bem diferente disso, tudo à nossa volta não nos pertence, nem nós. Terapia, preciso de Terapia. A do amor? Talvez, talvez por um momento só tenha fraquejado e pedido por ele. Agora já não. O meu Pecado não me deixa sonhar mais do que a realidade. Tenho os pés acentes no chão quanto a ela. Nunca poderei abraçá-la. Não conseguirei nunca vê-la em mim e sorrir. Apenas porque não existe, apenas porque é só imaginação. Apenas porque existe um corpo mas não uma alma.
Na forma de despedida,
Um adeus de quem volta,
Adriana.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Salvador Dali - Agonia.

Sempre me foi dificil começar alguma coisa. Não só por estar a começa-la como saber que não vou chegar a terminá-la.

Confesso que já fiz uns quantos Blogs e sem perceber porquê parei.

Talvez desta vez seja diferente, não só por eu própria já não ser o mesmo eu como por a vontade ser também diferente.

Na esperança de um dia melhor que ontem e hoje,

Voltarei possivelmente para nada mais que escrever,

Um beijo,

Adriana