segunda-feira, 17 de março de 2008

Cai-me tudo, até a vontade

Caiu-me tudo. Caíram as peneiras, as cagamerdeiras, as falsas roupas, as cores, as flores. Caiu medo por mim abaixo, como me caiu logo de seguida a sombra. O sol bate na janela, seco. Arranca de mim a luz interior que nunca existiu nem existirá. Expectativas criam-se à volta das palavras. Lá está ele, de novo, tentando fazer-me pensar negativo. Agarra-me à força, suga-me o amor, e traz em abundância toda a tristeza do dia. O sol debota-me a camisola. A paixão torna-se tão pequena! Como é possível meter um sentimento dentro de um objecto? Não faz sentido. O que faz sentido agora? Nada. Apenas a esquerda sobra para o caminho. Destra, não conseguirá nunca os dois lados da vida. Nada faz sentido. Apenas mexeriquiçes no meio do nada imenso se conservam. Mas afinal, que é isto? Que pensamentos foram revelados aqui? Quantas letras foram gastas, quantas palavras foram mentalmente escritas, quantos sonhos ficaram na cabeça?
Uma pequena nódoa no cérebro, para complexidade da simples vida.


Adriana Matos.

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